sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Carlos Drumond de Andrade : As sem-razões do amor

Meu predileto poeta, Drumond, brinca com o título ironizando as muitas razões que normalmente temos para amar. Esse poema é um dos meus favoritos.

As sem-razões do amor


Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.


Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.


Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.


Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Charlie Chaplin: Quando me amei de verdade


Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato. E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é...Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de... Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro. Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece. Hoje vivo um dia de cada vez.
Isso é... Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é... Saber viver!!!

Charles Chaplin

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Steve Jobs: Discurso para a vida

Semana passada uma ex-colega de faculdade, ontem foi a vez de Steve Jobs partir deste mundo.
Nosso tempo aqui é limitado, porém procuramos esquecer disso para nos proteger. Nos imaginamos eternos para suportar a dor de saber que um dia perderemos o que temos de mais precioso, nosso bem maior: aqueles a quem amamos.
.
Mas Steve Jobs esteve frente a frente com a morte e nos ensina, genialmente, sensivelmente, humanamente, como devemos encarar a vida que ainda temos:
.
"Lembrar que vai morrer em breve é a mais importante ferramenta que já encontrei para fazer grandes escolhas na vida... [...] Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que conheço de evitar a armadilha de imaginar que se tem algo a perder... já está nu, não há razão para não seguir seu coração." (Discurso de Jobs em Stanfor, 2005)
.
O difícil é ter coragem, mas vale a reflexão a todos nós que temos medo de mudanças, aventuras, sonhos, desejos...
.
Steve certa vez leu isso, o que lhe fez refletir:
"Se você viver todos os dias como se fosse o último, ocasionalmente você acertará..."

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Nirvana - Where did you sleep last night

Curto essa, mas tem várias outras do mesmo show do Nirvana que foi o Acústico MTV de que gosto muito.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Morro dos ventos uivantes - livro, filme e canção



Na verdade, assisti a versão de 1992 com Juliette Binoche, que está abaixo, mas indico o vídeo de cima (versão de 2009) pela música que, além de retratar a história de Cathy e Heathcliff, é música de minha infância. Quando pequena não fazia ideia de sua beleza e tampouco do belo livro que havia sido tema de inspiração para Kate Bush.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A história do mundo em 6 obras de arte na Superinteressante

A história do mundo em 6 obras de arte





O caminho que uma peça de arte faz até virar estrela de museu às vezes é tortuoso. Algumas testemunharam revoluções. Outras, perseguição política. Tem uma que quase foi para o lixo. Veja o que a história particular de 6 delas revela sobre a humanidade.

http://super.abril.com.br/cultura/historia-mundo-6-obras-arte-629053.shtml

Muito bom, vale a pena!!!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O meu país - Interpretação de João de Almeida Neto


O Meu País
(Livardo Alves e Orlando Tejo da Paraíba, Gilvan Chaves de Pernambuco)
Interpretação: João de Almeida Neto do Rio Grande do Sul


Um país que crianças elimina
e não ouve o clamor dos esquecidos.
Onde nunca os humildes são ouvidos
e uma elite sem Deus é que domina.
Que permite um estupro em cada esquina
e a certeza da dúvida infeliz,
onde quem tem razão baixa a cerviz
e maltratam o negro e a mulher,
pode ser um país de quem quiser,
mas não é, com certeza, o Meu País.

Um país onde as leis são descartáveis
por ausência de códigos corretos
com 90 milhões de analfabetos
e multidão maior de miseráveis
um país onde os homens confiáveis
não têm voz, não têm vez, nem diretriz,
mas corruptos têm voz, têm vez, têm bis
e o respaldo de um estímulo incomum
pode ser o país de qualquer um,
mas não é, com certeza, o Meu País.

Um país que os seus índios discrimina,
e a ciência e a arte não respeita,
um país que ainda morre de maleita
por atraso geral da medicina,
um país onde a escola não ensina
e o hospital não dispõe de raio-x
onde o povo da vila só é feliz
quando tem água de chuva e luz de sol
pode ser o país do futebol,
mas não é, com certeza, o Meu País.

Um país que é doente, não se cura,
quer ficar sempre no terceiro mundo
Que do poço fatal chegou ao fundo,
sem saber emergir da noite escura.
Um país que perdeu a compostura,
atendendo a políticos sutis,
que dividem o Brasil em mil Brasis,
para melhor assaltar de ponta-a-ponta,
pode ser um país de faz-de-conta,
mas não é, com certeza, o Meu País.

Um país que perdeu a identidade,
sepultou o idioma português
aprendeu a falar pornô e inglês,
aderindo à global vulgaridade.
Um país que não tem capacidade
de saber o que pensa e o que diz.
E não sabe curar a cicatriz
desse povo tão bom que vive mal,
pode ser o país do carnaval,
mas não, é com certeza, o Meu País.

domingo, 31 de julho de 2011

Discurso do Rei

Por que eu ainda não tinha assistido esse filme? Não é por acaso que teve 12 indicações ao Oscar.
Adorei, é tão sensível que, segundo dizem, até a rainha Elizabeth II assistiu ao filme e ficou emocionada. E não é pouca coisa, imaginem que Colin Firth interpreteu seu pai!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Mumford & Sons: White blank page

Ouvindo agora...



Letra:
Can you lie next to her and give her your heart, your heart?
As well as your body, and can you lie next to her and confess your love, your love?
As well as your folly and can you kneel before the king and say I'm clean, I'm clean

But tell me now where was my fault, in loving you with my whole heart?Oh tell me now where was my fault, in loving you with my whole heart?

A white blank page and a swelling rage, rage
You did not think when you sent me to the brink, to the brink
You desired my attention but denied my affections, my affections

So tell me now where was my fault, in loving you with my whole heart?Oh tell me now where was my fault, in loving you with my whole heart?

Heart, heart...

Lead me to the truth and I will follow you with my whole life
Oh lead me to the truth and I will follow you with my whole life

Heart, heart...
.
Mas me diga agora onde está minha culpa, em te amar com todo meu coração?

quarta-feira, 20 de julho de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A Sangrenta e bárbara Festa de São Firmino - Pamplona, Espanha

A Festa, sangrenta, de São Firmino acontece em Pamplona (Espanha - país de primeiro mundo?) desde 1591, em homenagem ao padroeiro da cidade. Percebam que é uma festa com motivo religioso, imaginem se não fosse. Imaginem se fosse para comemorar alguma batalha! Bom, aí talvez a barbárie fosse ainda maior. Além do mais, em 1591 até consigo compreender que as pessoas se divertissem maltratando animais - não tinham muito o que fazer e tinham muito menos instrução e educação- mas hoje em dia? E tudo o que evoluímos de lá para cá, não serviu para nada? Não ficamos mais civilizados?
Turistas e moradores locais, durante os nove dias de "festa", saem às ruas para acompanhar os shows, PROCISSÕES (?), touradas e a "encierros", que é quando botam os bois nas ruas para correr atrás das pessoas. Obviamente que o pessoal faz de tudo para provocá-los e os bichos enfurecidos, eventualmente, chifram e matam alguns dos "foliões". Foliões, pois isso parece uma versão animalesca, brutal e estúpida de carnaval.
Apesar dos apelos de várias partes do mundo, de entidades protetoras dos animais, de protetores dos direitos humanos, pedirem o fim dessa comemoração tão bárbara e cruel, a festa de São Firmino continua acontecendo em pleno 2011. Ou seja, são 420 anos dessa cultura vergonhosa.
Dizem que cultura não se discute, se respeita. Não concordo, acho que tudo na vida é questionável. Se questiona, se verificam os motivos e se eles forem plausíveis, aceitáveis, toleráveis, se respeita, caso contrário deveriam ser revistos. Tanto assim que senão não poderíamos ir contra a cultura de sociedades machistas onde homens batem e subjulgam as mulheres, por exemplo.
Tanto a Festa de São Firmino deveria acabar, como as tradicionais touradas, que também são uma estupidez. Não sou contra matar um boi para comer. Sou contra matar qualquer animal para diversão. Sou contra até mesmo aqueles lugares em que se paga para pegar o peixe e aí, como se fôssemos bonzinhos, depois devolvêmo-los para o rio. Entretanto, para o pegarmos tivemos de enfiar-lhes anzóis, muitos acabam morrendo pela ferida e por não conseguirem alimentar-se devidamente.
Machucar, maltratar animais por diversão é tão irracional...





















Fonte: http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/festa-de-sao-firmino-tradicao-e-risco/

sábado, 9 de julho de 2011

Mumford & Sons - Little Lion Man (Bookshop Sessions)

Para quem gosta de ouvir novos sons, fica Mumford & Sons, que me foi apresentado pela minha filha...


quinta-feira, 30 de junho de 2011

História real igual ao do filme : Como se fosse a primeira vez


Todo os dias, Michelle Philpots tem que conviver com os bilhetinhos de seu marido para deixá-la a par de tudo que acontece. A britânica sofre de um caso raro de amnésia - ela nunca lembra do dia anterior, como no filme "Como se Fosse a Primeira Vez".
.
A causa do problema da britânica seriam dois acidentes de carro, em 1985 e em 1990. O caso se desenvolveu e, desde 1994, Michelle não lembra de nada o que aconteceu no dia anterior.
.
O marido mostra a Michelle, todos os dias pela manhã, fotos do álbum de casamento dos dois. Esse é o único jeito dela aceitar conversar com ele, igual ao filme. Isso é que é amor!
.
Fonte:http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI4485458-EI238,00-Mulher+acorda+sem+lembrar+do+que+fez+no+dia+anterior+desde.html

sábado, 18 de junho de 2011

Os carros são os donos das ruas?


O vídeo é um desabafo, abaixo está o meu...
*
Há pouco tempo aqui em Porto Alegre um motorista arrogante se achou no direito de passar por cima de ciclistas que estavam atravancando o seu caminho. Agora, por conta de um motorista, como muitos por aí, morre um ciclista ativista, uma dessas pessoas que anda de bicicleta por acreditar que com mais bicicletas nas ruas e menos carros, a vida em sociedade ficará melhor. Antônio Bertolucci sempre ia de bicicleta para o trabalho, apesar de poder ir com um mega carro, já que era um dos Presidentes da Lorenzetti, ia porque acreditava na importância de as pessoas usarem a bicicleta como forma de transporte, limpo, digno e social. Como ele, vários países europeus também pensam assim e, não à toa, são de primeiro mundo.
*
Engraçado, o motorista esquece que em algum momento ele também é pedestre ou pode ser um ciclista. O que temos visto são motoristas irresponsáveis achando que são os donos das ruas, e o pior é o Estado também parece pensar assim, talvez pela quantidade de impostos que receba deles, talvez porque já esteja entranhado nas pessoas que quem está dentro de um carro é um ser superior e que, portanto, merece respeito e mais privilégios do que os outros seres que estão sem o carro.
*
Aqui no Brasil temos as seguintes situações:
1 - Quem anda de carro é bem tratado e considerado uma pessoa de bem (porque se tem um carro, em tese, tem algum dinheiro, não é tão pobre);
2 - Quem anda à pé (ainda que tenha acabado de deixar o carro no estacionamento)é considerado como ser inferior em relação aos motoristas que andam blindados e protegidos em seus carros. As pessoas andantes têm menos respeito e consideração pela sociedade, pois na nossa cultura merece respeito se estiver dentro de um carro. Logo, se ela estiver passando na metade da faixa de pedestre e o sinal fechar para ela, melhor sair correndo porque os carros com toda a certeza irão passar por cima dela. Isso não foi uma piada, é realidade infeliz e cruel. Tomara que ela tenha condições físicas para correr;
3 - Quem anda de bicicleta é porque é pobre e não pode andar de carro, então, não merece respeito nenhum. Essa é a triste realidade que temos, é verdade. A pesar de na lei constar que o ciclista deve ser respeitado, ficando o motorista a um metro e meio de distância e protegendo-o, afinal, uma batida de carro pode ser mortal, o ciclista é totalmente desrespeitado. Chegam mesmo a dizer que "eles" (os ciclistas) só servem para atrapalhar o trânsito. Mais uma prova de que os motoristas se consideram donos das ruas;
4 - Os transportes públicos são de má qualidade, má não, péssima, todavia ninguém protesta. As pessoas fazem torcidas organizadas, se organizam durante um ano inteiro para festejar o carnaval, mas ninguém se organiza para protestar e exigir melhores e mais dignos transportes coletivos. No fundo, as pessoas aceitam, pois sonham em poder comprar um carrinho e sair daquele inferno, daquela situação humilhante em que muitas vezes são obrigadas a suportar.
*
Só que, se existissem mais ciclistas nas ruas, menos pessoas andando de carro e utilizando mais transportes coletivos (bons transportes, efetivos e dignos), quando precisássemos realmente usar o carro, as ruas não estariam o caos que está. Hoje o cenário é de engarrafamento o tempo inteiro, as ruas lotadas de carros, por conta disso vemos motoristas irritados, fazendo coisas absurdas, tomando atitudes imprudentes e irresponsáveis, colocando em risco a vida de várias pessoas sem sequer se dar conta do que estão fazendo, sem perceberem que podem a qualquer momento tirar a vida de alguém. Porque, afinal, ninguém acha que vão matar alguém no trânsito, o outro sim, o outro motorista que é barbeiro, que é mal-educado pode, "eu não", "comigo isso nunca vai acontecer" porque eu "dirijo bem".
*
E onde está o Estado? Temos um poder central que deveria nos garantir essa proteção. O pedestres, os ciclistas estão em constante desproteção do Estado. Até quando? Quando as autoridades irão implementar uma política de segurança a todos? Quantas pessoas mais terão de morrer nesse sistema que privilegia o carro?
Até quando vamos continuar aceitando isso?

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Explicação sobre a Lei Rouanet

Leiam a matéria e tirem suas conclusões sobre a lei Rouanet.
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&newsID=a3244572.xml&channel=13&tipo=1§ion=Geral
*
E um vídeo que pode ajudar a esclarescer:
http://cifude.blogspot.com/2011/03/lei-rouanet.html
*
As minhas são: Eu, enquanto estudante das Letras, Literatura e que sabe o valor da Cultura e da Arte em suas formas, digo que incentivos à Cultura são importantes. Por outro lado, se temos uma casa cheia de problemas, faltando tanto, não se compra um quadro do Picasso. Ou seja, nossa educação está um caos; a Saúde ainda é deficiente em vários pontos; não se investe em transporte público (trens, metrôs), o que temos hoje é precário e humilhante. Como podemos, então, investir tanto em um artista específico? Não está sendo investido 1, ou 2 ou 3 milhões na construção de um centro de Cultura. Não. Está sendo destinado a um, ou meia dúzia de artistas, já consagrados, diga-se de passagem, porque novos artistas não conseguem que seus projetos sejam aprovados, somente os renomados e com influências. É muito fácil uma Fernando Montenegro conseguir que seu projeto seja aprovado, ou mesmo a Maria Bethânia, ou Marisa Monte, agora, quero ver o "Zezinho da Silva" conseguir que seu projeto seja aceito. Ninguém o conhece, portanto, não será aprovado.
Esse incentivo, é um valor do imposto de renda que em vez de ir para o governo e ser redistribuído à escolas, hospitais, saneamento etc, é direcionado para um artista que conseguiu que seu projeto tenha sido aprovado. Explicando, de repente, se o Roberto Carlos resolvesse ir na Vale pedir 3 milhões para fazer um DVD, ele provavelmente ganharia. Aí, em vez de 15 milhões irem para serem investidos no Hospital da Santa Casa de Porto Alegre, por exemplo, serão apenas 12 milhões. Normalmente o valor destinado às entidades são insuficientes, imagina sendo menos do que deveria?
Vários filmes, da Xuxa, Didi, Tropa de Elite, são produzidos com o nosso dinheiro, aí depois vamos ao cinema (quem pode pagar o ingresso, é claro) e ainda pagamos para ssistir. Bom negócio!

Patrícia

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Retratação sobre grande dito de Lilly Bollinger

Há algum tempo, fiz um post sobre uma bela descrição de amor de uma mulher pelo champagne. Erroneamente, atribuí à Veuve Clicquot, mas na verdade, os créditos são da Madame Lilly Bollinger, também viúva de um proprietário de uma vinícola (ou champanharia)e que, como no caso da Veuve Clicquot, também continuou os negócios do marido.

Amante da champagne, Lilly descreveu a sua relação com a preciosa bebida da seguinte forma:


"Só bebo champagne quando estou feliz e quando estou triste. Às vezes a bebo quando estou sozinha. Mas com companhia, ela é obrigatória. Bebo um pouco quando não tenho apetite. E bebo quando estou com fome. Mas sob outros aspectos não toco nela, a não ser que tenha sede".

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Johnny Flinn - Barnacled warship

Johnny Flinn, cantor sul-africano, é pouco conhecido aqui no Brasil, mas gostei muito do que ele tem produzido.
Segue abaixo o clip:

quarta-feira, 9 de março de 2011

Breve biografia de Leão Tolstoi

Retrato feito pelo pintor Jan Styka
*
Por ele mesmo...

Pertenço à categoria dos loucos mansos

Quem sou eu? Um dos quatro filhos de um tenente-coronel na reserva, que ficou órfão aos sete anos de idade, educado por mulheres e por estranhos, e que, sem que o houvessem preparado com qualquer educação mundana ou intelectual, penetrou no mundo por volta dos dezessete anos. Não tenho grandes riquezas, não ocupo na sociedade um lugar particularmente brilhante e sobretudo não tenho princípios. Careço de amigos influentes, não tenho modo de vida plausível, mas o meu amor-próprio não tem medida. Sou feio, grosseiro, sujo e mal-educado, se vejo as coisas como as vê o mundo. Sou irascível, chato, intolerante e tímido como uma criança. Sou um labroste com todas as letras. O que sei aprendi-o sozinho, mal, por sacolejões, de modo descosido; e é bem pouco. Sou intemperante, indeciso, inconstante, estupidamente vaidoso e expansivo como todos os fracos. Coragem não tenho nenhuma. A minha preguiça é tal que a ociosidade se tornou para mim uma exigência. Sou boa pessoa, entendo por isto que gosto do bem, fico de mal comigo quando dele me afasto e é com prazer que volto atrás. Todavia uma coisa há que pode comigo mais que o bem: é a glória. Sou tão ambicioso que, a darem-me a escolher entre a glória e a virtude, muito me temo que não escolhesse a primeira. Modesto é que não sou, sem sombra de dúvida. Por isso me vêem com este ar de cão batido, por fora, que, se querem saber o que é orgulho olhem lá para dentro.
*
Sou o doente número 1 do asilo de loucos que é a minha casa de lasnaia Poliana. Temperamento sanguíneo. Categoria, a dos loucos mansos. A minha loucura consiste em crer que posso mudar a vida dos outros por meio de palavras. Sintomas gerais: não suporto o actual regime; grito contra tudo e contra todos, excepto contra mim; mudo como ventoinha e sou irritadiço, sem resguardo por quem se prontifica a escutar-me às boas. Muita vez, após a excitação e a fúria, baqueio a um estado de hipersensibilidade e lágrimas, que é tudo quanto há de menos normal. Sintomas particulares: entrego-me a trabalhos manuais, engraxo e fabrico calçado, ceifo feno e realizo outras fainas materiais.
*
No que tange à minha vida, se a considero do ponto de vista do bem e do mal que pude fazer, dou-me conta de que toda a minha longa existência se divide em quatro períodos: a primeira, época poética, maravilhosa, inocente, radiosa, da infância até aos catorze anos. Vêm depois vinte anos horríveis de grosseira depravação ao serviço do orgulho, da vaidade e sobretudo do vício. O terceiro período, de dezoito anos, vai do meu casamento à minha ressurreição espiritual: o mundo poderia também qualificá-la de moral, pois durante esses anos levei uma vida familiar honesta e regrada, sem me abandonar a nenhum dos vícios que a opinião pública reprova. Mas interessava-me estritamente tão-só pelas preocupações egoístas concernentes à minha família, ao bem-estar, ao sucesso literário e a todas as minhas pessoais satisfações. Enfim, a quarta fase, aquela em que vivo, após a minha redenção moral. A tudo isso nada desejo mudar, a não ser os maus hábitos contraídos no decurso dos períodos anteriores.

Leão Tolstoi

Fontes:
Gigantes da Literatura Universal. Tolstoi. Verbo editora,1972.
Extactos de: Diário,7 de Julho de 1854; Nota grácil de 1873: Memórias, 1903-1906

Curiosidade: Minha filha, em busca de mais conhecimento sobre Tolstoi, mostrou-me o livro Gigantes da Literatura Universal do qual tirei o texto acima. Portanto, contribuição da Dona Thaís :)

domingo, 23 de janeiro de 2011

Metamorfoses de Ovídio - poema Cosmogonia

Metarfoses não é a versão integral de um dos maiores esforços poéticos da época - cerca de doze mil versos, distribuídos em quinze livros, que trazem à tona aproximadamente duzentos e cinqüenta lendas, segundo Zélia de Almeida Cardoso em seu livro sobre Literatura Latina; enfim, a essa obra é que devemos parte de nosso conhecimento acerca de alguns episódios da mitologia greco-latina.

Públio Ovídio Nasão, poeta latino, escreveu os versos, dedicando-os à transformação, uma espécie de versão mitológica da história natural em ordem cronológica. Escritos na época que foi banido de Roma, pelo imperador Augusto, o Metamorphoseon Libri é, sem dúvida nenhuma, o poema mais importante da tradição greco-romana, muitos pintores, escultores e outros artistas se inspiraram nos versos de Ovídio, uma ode à tradição dos ardentes amores mitológicos do universo pagão que alimentou a fantasia de gerações através dos séculos. Além de legar a posteridade a estilista e a estrutura de seus versos, no caso do Metamorphoseon, versos hexamétricos, em sua inimitável facilidade de metrificar.

O poema tem caráter etiológico, isto é, conta a origem das plantas, animais e minérios deste a origem mitológica até o tempo do poeta, onde nos últimos versos, o tio de Augusto, Júlio César é transfigurado em cometa pela deusa Vênus após ser assassinado. Todos os versos estão articulados em torno de fábulas em que se registra uma transformação. Nesta edição, o célebre Manuel Maria Barbosa, du Bocage, faz uma das mais notáveis versões, que escolhe trechos da obra hercúlea para formar uma medida única, ou como escreve na introdução, o professor João Ângelo Oliva Neto, Bocage dá um ritmo, " o texto de Bocage tem o condão de se fazer ler e ouvir sem que se percam o tom, as imagens, e principalmente, o deleite na compreensão".

Bocage versificou os hexâmetros latinos em seus decassílabos, mesmo que sejam enxertos, o poeta consegue nos mostrar diversas histórias, aos quais são: As metamorfoses, Io, Precipicio de Faetonte, A gruta da inveja, O roubo de Europa por Júpiter, A morte de Píramo e Tisbe, Cadmo e Hermíone, Atlante convertido em monte, Progne, Tereu e Filomela, O roubo de Orítias por Bóreas, A descida de Orfeu aos infernos a buscar Eurídice, Ciniras e Mirra, Midas convertendo tudo em ouro, A gruta do sono, Ésaco e Hespéria, O sacrifício de Polixema e a metamorfose de Hécuba, sua mãe, Pico e Canente, A apoteose de Enéas, A apoteose de Rômulo e Hercília e A alma de Júlio César mudada em cometa.

Um canto épico, onde o amor pessoal suplanta deuses e homens. Mortais se transmutam-se de forma tão valorosa que os deuses descem ao mais baixo grau de passionalidade. Uma obra única, que faz pensar que o melhor caminho de se transmutar-se é percorrer a si próprio.

Cadorno Teles

Fonte:http://www.letraselivros.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=583&Itemid=65


OVÍDIO

Cosmogonia


Antes do mar, da Terra e Céu que os cobre
Não tinha mais que um rosto a Natureza:
Este era o Caos, massa indigesta, rude
E consistente só num peso inerte.
Das coisas não bem juntas as discordes,
Priscas sementes em montão jaziam;
O Sol não dava claridade ao mundo,
Nem, crescendo, outra vez se reparavam
As pontas de marfim da nova Lua.
Não pendias, ó Terra, dentre os ares,
Na gravidade tua equilibrada,
Nem pelas grandes margens Anfitrite
Os espumosos braços dilatava.
Ar e pélago e terra estavam mistos:
As águas era, pois, inavegáveis,
Os ares, negros, movediça, a terra.
Forma nenhuma em nenhum corpo havia
E neles uma coisa a outra obstava,
Que em cada qual dos embriões enormes
Pugnavam frio e quente, húmido e seco,
Mole e duro, o que é leve e é pesado.
Um Deus, outra mais alta natureza

À contínua discórdia enfim põe termo:
A Terra extrai dos céus, o mar da Terra
E ao ar fluido e raro abstrai o espesso.
Depois que a mão divina arranca tudo
Do enredado montão e o desenvolve,
Em lugares diversos que lhe assina,
Liga com mútua paz os corpos todos.
Súbito ao cume do convexo espaço
O fogo se remonta ardente e leve;
A ele no lugar, na ligeireza
Próximo fica o ar; mais densa que ambos
A Terra puxa os elementos vastos,
Da própria gravidade é comprimida.
O salitroso humor circunfluente
A possui, a rodeia, a lambe e aperta.
Assim, depois que o Deus (qualquer que fosse)


O grão corpo dispôs, quis dividi-lo
E membros lhe ordenou. Para que a Terra
Não fosse desigual em parte alguma,
Por todas a compôs em forma de orbe.
Ao mar então mandou que se esparzisse,
Que ao sopro inchasse dos forçosos ventos
E orgulhoso abrangesse as louras praias;
À mole orbicular deu fontes, lagos,
Rios cingindo com oblíquas margens,
Os quais, em parte obsortos pelas terras
Várias, que vão regando, ao mar em parte
Chegam e, recebidos lá no espaço
De águas mais livres e extensão mais ampla,
Em vez das margens assalteiam praias.
O Universal Factor também dissera:


“Descei, ó vales, estendei-vos, campos,
Surgi, montanhas, enramai-vos, selvas!”
Como o Céu, repartido, à dextra parte
Tem duas zonas, à sinistra, duas.
E uma, no centro, mais fogosa que elas,
Assim do Deus o próvido cuidado
Pôs iguais divisões no térreo globo,
Ele é composto de outras tantas plagas:
Aquela que das mais está no meio
Em calores inóspitos se abrasa;
Alta neve enregela e cobre duas;
Outras duas, porém, que entre elas ambas
O Númen situou, são moderadas:
Misto o frio e calor. Fica eminente
A estas o ar que, assim como é mais leve
O pesa da água que da terra o peso,
Tanto mais peso coube ao ar que ao fogo.
Deus ordenou que as névoas e que as nuvens
Errassem no inconstante, aéreo seio;
Que os ventos o habitassem, produtores
Dos penetrantes frios que estremecem,
E os raios, os trovões que o mundo aterram;
Mas o Supremo Autor não deu nos ares
Arbitrário poder aos duros ventos:
Bem que rebentem de encontrados climas,
Resistir-se-lhe pode à fúria apenas,
Vedar que em turbilhões lacere o mundo:
Tanta é entre os irmãos a desavença!
Euro foi sibilar ao céu da Aurora,


Aos reinos nabateus, à Pérsia, aos cumes
Que o raio da manhã primeiro alcança.
O Véspero, essas plagas, que se amornam
Com Febo ocidental, estão vizinhas
Ao Zéfiro amoroso; o fero Bóreas
Da Cítia fera e dos Triões se apossa;
As regiões opostas humedece
Austro chuvoso com assíduas nuvens.
O Númen sobrepôs aos elementos
O líquido e sem peso éter brilhante
Que das terrenas fezes nada envolve.
Logo que tudo com limites certos


Foi pela eterna dextra sinalado,
As estrelas, que opressas, que abafadas
Houve em si longamente a massa escura,
A arder por todo o Céu principiaram;
E, porque não ficasse do universo
Alguma região desabitada,
Astros e deuses tem o etéreo assento,
O mar aos peixes nítidos é dado,
Aves, ao ar, quadrúpedes, à terra.



Fonte: Livro Metamorfoses com tradução de Bocage.